Letra da Música Plano Alto de Flagelo Urbano o Eremita

1. Verso
Plano alto
Oh, Nova Lisboa, como estás?
Há quanto tempo não te vejo
Mas perguntei ao Sr. Paulo Dias de Novaes
Quantos angolares custavam o teu beijo
Vais fingir que não me reconheces? Não sei!
Esquivar o teu olhar e desejar não me ter visto, pensei
Que te lembravas, que ao menos recordavas
que conservas o meu cordão
Neste solo fértil que é a pobreza do teu chão
Oh, Nova Lisboa, já foste mais boa
Já foste mais humilde e menos atoa
Já foste a minha lua e o meu sol
Já foste o meu piano, a clave do meu sol, a nota em bemol
Cidade vida, minha vida, só agora eu percebi
Que essa tristeza que eu trago foi de vois que eu recebi
Oh, minha criancice
Infância dos meus sonhos aconchegada
no sossego da minha traquinice
Silêncio do meu grito nos mergulhos na lagoa
Abandonados pelo som dessa bala que magoa
A bala dói, então tive que partir, bazei
Em busca de asilo, no caminho
só Deus sabe o que eu passei
Só Deus sabe o que eu sei!
Lá no fundo eu nunca me ausente

Coro
"Sample... 2x"
Sei que nova já não és a estória magoa
Chamam-te Huambo, há muito que deixaste de ser Lisboa
Do velho Albano Machado
De quem eu invejo tanto por estar sempre ao teu lado
Com uma colher de prata tendo as estrelas como o céu
Para alimentar a esperança
desse sonho que em mim desfaleceu
Não me olhes desse jeito, sou teu filho, calma!
Partido para uma fé que alimenta essa alma
Oh, terra prometida como te tenho evitado!
Ao longo desses aniversários nunca festejados
Mas que dão amor a troco de nada
sem cobrar nada, sem nada cobrar
Porque sabem que um amor condicional
não é amor, é uma condição para se amar
Eu sei que vou voltar tal como um dia disse Teta
A questão é me esperar porque também sou um poeta
Em rumaria pelas rua da Kianda
Itinerante dessa urbe desembarcada no nada
Não sei quantas almas tenho em minha pessoa
Ao longo desses anos mudei tal como Fernando Pessoa
Navegar é preciso e eu naveguei rumei à norte
Pelas águas irrequietas desse solo tão forte
Tudo quanto eu penso, tudo quanto eu sou
É um deserto imenso onde nem eu mesmo estou
Extensão parada, sem nada estar alí
Areia peneirada dessa vida que eu vivi
Se eu fosse tu Fernando também seria um trovador
Dessa pessoa em que te renovas
quando não és um fingidor
Nos dias dos meus dias
nas noites mais noturnas daquele inferno
O verão mais quente da minha vida foi num inverno
Quando percebi que toda beleza
é passageira como o vento
Por mais que eu tente tudo muda
sem nada mudar ao mesmo tempo
Coro
"Sample... 2x"