Letra da Música Bem Vindo Ao Jogo de Apologia Sonora

Bem vindo a esse mundo, tudo é difícil
Vou repetir, tudo será difícil
Se fosse algum jogo, nível mais difícil
Então pressione start e trilhe seu caminho
Superou inanição, teve leite materno
Não virou mais um caixão branco no cemitério
Superou estagio do padrasto agressivo
O pai ausente que aparece um domingo
Teve sorte se teve os pais originais
Sem orfanato leiloado por alguns casais
Sem a mãe internada viciada em crack
Sem o pai alcoolizado que nos filho bate
O desafio da escola é eterna briga
Terminar fundamental é uma conquista
Quero ver não se corromper
O mundo apresente o que nunca vai ter
Tome de exemplo os milhares que morrem
Sem ter uma casa pra viver, um carro pro rolé
Garrafas coloridas, tabaco, nicotina
Carreira, ou latinha, um trago na pepita
Superou a estatística sobreviveu
A força da natureza mata filhos teus
Que no barraco em chamas
Salvou o fogão, na enchente
Com soterramento a televisão
Maior de idade, de pele preta com 18 é um caso raro
Onde polícia invade o morro pra fazer finado
Onde retrato falado sempre é favelado
É foi difícil entrar no mercado de trabalho
Pouca formação resulta em pouco salário
Se não tem filho com 18 outro caso raro
Quantos sonhos se desfaz por não ser planejado
Sobreviver, no lugar aonde pagar com a vida é natural
Cotovelando espaço, atenção social
Resistir a fila sus com pneumonia
Medicado com doril, mesmo bala perdida
Vendo ascensão do traficante que estudou contigo
Final de ano ostentando pra cima da tiro
De savero, capitiva, hb20, stilo
Arriscando a própria pele pra tentar ser rico
Quantas mães que choraram
Enterraram os filhos
Quantos bares é cenário de um homicídio


Ser favelado, reduzido a negativo
Apenas mais um, que pela cor trava a giratória do itaú
Mercadoria pra audiência do programa da massa
Onde expõe meu ponto fraco, explora a desgraça
Contei no dedo quantos que deu fuga
Utilizou habilidade futebol ou musica
Saiu da linha de pobreza, hoje tem vida justa
Serve de exemplo não reconhecido pela luta
Serve de exemplo pra quem se foi e teve a vida curta
Bem vindo ao jogo as regras são expostas pelo outro
Sem cartilha. a rua vira escola dos loucos

Nenhum dia é igual, qualquer erro é fatal
Sofrimento é normal, se torna habitual
Entre ruas de terra beco, viela, escura o medo
Nasci e cresci no gueto, com detalhe tudo conheço
Tantas história, triste, resumida, contada
De forma trágica se identificam com tanta lágrima
Eu sei que 10, 7 querem um lugar que preste
Pra criar os seus pivetes, não assistir o que acontece
Cenário de tanta fita, concentração de vida
Calor humano, bomba pronta pra ser explodida
Sobrevivência, não ensinam, se aprende, debates
Na maldade tiram vidas de inocente
Potencial pra cenário televisivo, pro apresentador
Procurando carência em um pretinho
Dos detalhes que só existem na favela são paulo
Identidade cultural, unificada, visível e claro
Os pivete no fliperama, o carreto no fim da favela
A tia que vende doce, o pastor pregando na igreja
Os bares sempre lotados, nas ruas com carro alto
As biqueira a todo vapor
Os pequenos e grandes mercados
Das mina de roupa curta, das titan
Sem placa empinada, da rota metendo bala
Constante falta de agua
Características, paredes sem reboco
Parede com lodo, odor de esgoto
Sem de motivação, sorriso no rosto
Cê louco, percebo meu mundo quando saio dele
Detenção sem muro, sem grade, ou parede