Letra da Música Cidade do Vale da Morte de Nego Bronx

Em estado de choque eu vi a luz
Que emana um raio forte
Cheguei aos pés de Jesus
Abençoado e os irmãos
Cada um na sua função
Às vezes sem direção
Peço a Deus proteção
Cadê disposição, cadê atitude e você
Parece que as grades privaram seu viver
Mas o bom guerreiro não abaixa a guarda
Não se reduz a pó, pra esses cães de farda
Mesmo no exílio o pensamento voa
Não desfaça do seu sonho e nem se sinta a toa
Na bota de um salafrario disperso o sorriso
Com razão absurda, um ponto indeciso
A mesma farda comprada com grana do imposto
É aquela que na madrugada cospe no seu rosto
Mas quem aflinge os pequenos não ganhara o céu
Vai sentir o veneno no banco amargo dos réus
Pois poder não é opressão, nem repressão, é amor
Mas o que estão no comando não entende este valor
Pois se a favela tem valor é pra limpar os teus pés
Levar conforto e lazer, aos ricos e baixareis
E nos tonéis de lama podre a rampa do planalto
Os intocáveis, os alcapones nos olham do alto
Quanto mais alto o diretor, mais visão ele tem
Pra fazer filme de terror, de clap bem, bem
Mas não é o superman, homem de aço não agüenta
Na hora do caixa dois até o aço se arrebenta
E pra aumentar a tormenta a farda conhece o frágil
E se passar das onze horas tem que pagar pedágio
Porque flagrante na quebrada existe de ponta a ponta
Mas pra mostrar trampo pra elite, vão botar na sua
conta
Mesmo sabendo que da fita o mano não é o culpado
No fórum da João Mendes vai ser julgado e acusado
Infeliz e corriqueira essa é a situação
Os que são pra proteção, só atacam de opressão
Essa é a cena cotidiana que existe mundo a fora
Hoje eu tô triste parceiro, pois a favela chora


Mas o que posso fazer pra mudar, não sei mano
Se tem chapéu atolado, pé de pato, pé de pano
Eu vejo os mano e as minas, tipo Barbie e Ken
Que pela grife, pela grana, não respeitam ninguém
Vão muito alem, e a cada dia se acabam por ibope
Filhos da puta se vendem, só por um role no shopping
Acabou o dinheiro, que se foda se a vida é dura
Vai pra esquina de batom, com a mão na cintura
E o deputado passa lá e dá valor a esse lixo
Por que se igualam se ralam, parecem até dois bichos
Só por capricho ou por luxo eu não sei o motivo
Eles se unem e se se param e alcançam o objetivo
Pois sair com deputado um futuro se constróI
Vai ter escândalo e convite pra capa da playboy
Mostrou a bunda vagabunda que o corpo explora
Todos vão ver seu rabo pelo país a fora
Quem quer respeito desse jeito nunca vai alcançar
Quem de você se aproxima é claro só quer transar
Eu tô as pampa do seu tipo, prefiro sair fora
Hoje eu tô triste parceiro, porque a favela chora


MAS SE A FAVELA tá CHORANDO EU NÃO ENTENDO POR QUE
LUGAR AS PAMPA, SOSSEGADO E GOSTOSO DE VIVER
VEJA VOCÊ EM CADA ESQUINA EU ENCONTRO ALEGRIA
AS CRIANÇAS BRINCAM FELIZES, CORRENDO DIA A DIA
CHEGA NA HORA DO ALMOÇO VOCÊ ENCONTRA NAS MESAS
TUDO DE BOM E DO MELHOR , COM FARTURA , COM CERTEZA
CADÊ A POBREZA QUE DISSERAM ESTAR IMPREGNADA
TEM EMPREGO COM BOM SALÁRIO A TODA RAPAZIADA
NÃO VEJO MANO DESANDANDO, NINGUÉM PERDE A LINHA
NUNCA VI UM ASSASSINATO POR CAUSA DE FARINHA
PRA MIM VOCÊ CHORA DEMAIS , O LUGAR É SOSSEGADO
Ó de quem eu tô ouvindo, de um mano viciado
Não me conformo com isso, o que você faz da sua vida
A sua família era alegre,hoje esta destruída
Olha a favela caraio, eu olho e sinto desgosto
O sofrimento estampado, no semblante de cada rosto
Vejo criança brincando, descalça sem proteção
Não me fala que é normal , porque isso não é não
No fundo do seu barraco jogaram um cachorro morto
Que apodreceu e infectou ainda mais o esgoto
Dia de chuva é suplício,é difícil , maior castelo
Vários barracos caíram, só o pó , isso é belo ?
E os que ficaram de pé , também sofreram minha gente
Virando noite e dia , pra tirar a água da enchente
(varias fitas)
Porra fiquei revoltado, vou me jogar , sair fora
Hoje eu tô triste parceiro, porque a favela chora