Letra da Música Mãe de Garotas do Gueto

Mãe quanta coisa aconteceu, quantos conselhos tu já me
deu, e esse maconheiro aqui nunca ligou. Agora que já
é tarde eu vejo minha viagem, achei que o bagulho era
tudo, mas ele destruiu meu mundo. Quantas vezes me
ajudou, me dando sempre a mão e eu partindo seu
coração. Como filho que não vale nada, e só vive
quebrando a cara. Dias desses fui pruma festa lá no
morro, com muita mina, pedra, farinha, maconha, lá
tavam só os noias, aquilo tudo durou tantas horas. Daí
sem perceber, os gambé nos abordaram, fui preso,
caralho, merda de polícia, me ferrou. Eu não sei
quanto tempo por aqui vou ficar, vejo os dias a passar
atrás de uma cela, minha mãe é a única que ainda lembra
de mim, os maluco lá do beco só sabem que deu treta,
nenhum veio me visitar para saber quando vou me safar.

Daqui quero me livrar e com minha mãe quero ficar, não
sei para onde ir quando eu sair, mas no morro eu vou
passar e deles vou me vingar, de longe vou olhar você
se acabar, da vingança que ei de dar. Um dia vou sair
daqui, e vou fazer minha mãe sorrir, vou mostrar que
sou capaz, vou trabalhar no EFICAZ, ganhar um trocado
mas sem gastar com baseado. Vô tirar minha mãe do
gueto, vamos morar num lugar legal, vamos ter uma vida
normal.
O tempo passou, muita gente se mandou e amanhã
finalmente vou sair e minhas promessas vou cumprir,
minha mãe vem me buscar, e eu tô sem me agüentar. O
amanhã virou hoje, minha mãe eu encontrei, virei para
ela e prometi, que mudaria a minha vida e a faria
feliz. Ela disse: ?Meu filho, só de mostrar vontade,
já fico contente, se fizer tudo o que diz eu já posso
morrer, porque o meu era te ver feliz.? Eu disse com
muito orgulho: Mãe, muito obrigado pela confiança,
nessa vida só me resta esperança em mim, mãe você vai
se orgulhar.
Assim como falei, eu cumpri. Fui para o EFICAZ, e
comecei a trabalhar, sem baseado eu fiquei, mas
orgulho para minha mãe foi o que eu dei. O povo do
colégio é de boa para caralho, tem as GAROTAS DO GUETO
e o MORRO DO MACACO, eles são manos, eles são dos meus,
mas ao contrário do meu eu, eles nunca se fudeu. Eles
vivem mó feliz sem a maconha, que já me deu muita
vergonha.
Minha mãe tá doente, e ninguém ajuda a gente, sem
estudo e sem dinheiro, passo o dia no trampero.
A velha morreu, mas morreu feliz, e eu satisfeito pelo
orgulho que lhe fiz.